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OS CONCEITOS 'FALSIFICACIONISMO DE POPPER E PARADIGMAS DE KUHN' |
Popper, como item do vestibular, principalmente
combateu o positivismo que alega ser a Ciência uma religião,
ou seja, combateu a idéia de que a Ciência tudo explica e
que é o meio de se obter a verdade e o que não passa pelo
crivo dela é ilusão, fantasia e não deve ser levado
em conta pelos homens. Deste modo, religião, emoções,
criatividade, assim como a estética estariam fora das possibilidades
e necessidades humanas relativas não só ao conhecimento,
como também a sua vida ética. Isso significa que qualquer
relação que envolvesse juízo de valores deveriam
passar pela explicação científica. A conseqüência
da idéia positivista (que se originou com Auguste Comte) faz nascer,
por exemplo, a psicologia behaviorista (comportamental) de Pavlov, que
mostra que todo comportamento humano pode ser controlado cientificamente,
surge também a idéia que poderíamos fabricar fármacos
que futuramente poderiam nos trazer a felicidade plena na medida que nos
tornasse cada vez mais racionais e menos passionais.
O que sutenta a idéia positivista é a
crença de que toda a natureza, incluíndo o homem, está
fundamentada numa harmonia matemática, que é um substrato
metafísico do mundo real. Metaforicamente falando, a matemática
estaria para a tela assim como o mundo estaria para a pintura. Caberia
portanto à Ciência descobrir a lógica da textura desta
tela para que assim se compreendesse o mundo.
Para combater esta visão Popper disse que a Ciência
não descobre verdades, ela no máximo poder afirmar por negatividade,
ou seja, a Ciência ao formular uma teoria, no máximo pode
afrimar como o mundo não é, e não como ele é.
A Ciência crê que chega às verdades
a partir de fatos do mundo e que através destes fatos chega-se
a textura da tela, ou seja, chega na teoria. Mas, Popper mostrou com a
teoria falsificacionista, que a Ciência começa com uma teoria,
que é uma hipótese geral e com ela tenta pegar os fatos,
assim como uma rede pega peixes. Ora, uma teoria para Popper tem que trazer
alguma novidade para o mundo, enquanto uma hipótese que tenta explicar
algum problema que surge no mundo em geral ou no mundo da Ciência.
A hipótese, para ser uma boa teoria, tem que ser quase uma aberração;
tem que ser falsificável, mas não falsificada. Uma péssima
teoria: 'Todos os dias chove ou não chove', está teoria
é sempre verdadeira (não é falsificável) e
não acrescenta nada de novo ao mundo. A teoria: 'A partir de 01
de janeiro de 2007, nenhum dia 01 de cada mês irá chover.',
esta teoria é falsificável, pois basta chover em qualquer
dia 01 que ela estará falsificada, mas se com o passar dos meses,
nenhum dia 01 chover ela vai se fortalecendo e deixa de ser uma hipótese
e passa a ser uma boa teoria sempre comprovada pela experiência
de não chover nos dias primeiros de cada mês. Mas, ela não
revela ser uma descoberta sobre uma verdade absoluta sobre o mundo, pois
está sempre sujeita à falsificação (basta
chover num dia 01 de qualquer mês). Ela é boa também
porque acrescentou algo de novo ao mundo.
Qual é o problema do falsificacionismo: apenas
uma chuva num dia primeiro falsifica a teoria e ela portanto seria abandonada,
como acreditava Popper? A resposta é não. Neste momento
entra Kuhn: ele explica que a comunidade científica
não permite que a teoria seja abandonada por interesses outros
que não são científicos: interesses políticos,
econômicos, particulares pertinentes à uma dada comunidade
científica, assim como pertinentes aos cientistas em particular.
Então se chover num dia 01 de qualquer mês a comunidade irá
acrescentar um adendo à teoria de modo que aquele dia foi apenas
uma excessão à regra geral declarada pelos termos da teoria.
Um exemplo histórico deste fato é a teoria de Einstein que
mostrou que não existe campo gravitacional e nem por isso Newton
foi abandonado. Na verdade, Einstein é um ad hoc (apêndice)
da teoria de Newton.
Por isso, apesar de Kuhn concordar com Popper de que
a Ciência começa como teoria (dedutivismo) e não como
observação dos fatos (indutivismo), ele vê a Ciência
como um subconjunto de uma "visão de mundo" de uma determinada
comunidade científica. Esta visão de mundo ou paradigma
ou matriz explicativa é composta de uma linguagem própria
a cada ciência, de política entre os cientistas desta comunidade,
do grau de fama dos cientistas que compõem esta comunidade, do
nível de influencia que a comunidade tem junto aos órgãos
financiadores etc. Uma teoria, de acordo com kuhn, vive um tempo de estabilidade
em que ela consegue explicar muitos fenômenos, chega um tempo que
começam a surgir problemas que a teoria não dá conta
de explicar, a comunidade que detém está teoria entra em
crise e gradativamente outras teorias surgem tentando explicar os novos
problemas, e após um longo período de maturação
ocorre uma revolução científica relativa à
teoria em decadência e ela é abandonada e dá lugar
a uma nova, e outra linguagem passa a ser adotada e ocorre, assim, uma
mudança de paradigma. As vezes é preciso que os antigos
cientistas aposentem ou morram para que os novos cientistas entrem e com
eles o novo paradigma. Assim, enquanto para Popper era só falsificar
que se mudava a teoria, para Kuhn a história passa a fazer parte
da mudança e do abandono da teoria obsoleta.
T.S. Kuhn
em seu livro Estrutura das Revoluções
Científicas (1962), usou o termo 'paradigma'
para se referir a estruturas e/ou compreensões do mundo de
várias comunidades científicas. Para Kuhn, um paradigma
científico inclui modelos como o modelo planetário
dos átomos, e teorias conceitos, pressupostos e valores.
Para Kuhn, uma noção como a do paradigma científico
foi essencial para compor seu argumento alusivo a um aspecto particular
da história da ciência, a saber, quando uma estrutura
conceitual cede lugar a outra, durante o que ele chamou de revolução
científica.
Kuhn
acreditava que, durante períodos de "ciência normal",
os cientistas trabalham dentro do mesmo paradigma. A comunicação
e trabalho científico prosseguem de forma relativamente sem
percalços até que ocorram anomalias, ou que uma nova
teoria ou modelo seja proposta, exigindo que se entenda conceitos
científicos tradicionais de novas maneiras, e que se rejeite
velhos pressupostos e substitua-os por novos.
Um
paradigma de uma revolução científica no sentido
de Kuhn seria a revolução Coperniciana. O antigo modelo
da terra no centro da criação de Deus foi substituído
por um modelo que colocava a terra como um entre vários planetas
orbitando o nosso Sol. Mais tarde, as órbitas circulares,
que representavam a perfeição do projeto divino para
os céus na antiga visão do mundo, seriam relutantemente
substituídas por órbitas elípticas. Galileu
encontraria outras "imperfeições" nos céus,
como crateras na lua.
Para
Kuhn, revoluções científicas ocorrem durante
aqueles períodos em que pelo menos dois paradigmas coexistem,
um tradicional e pelo menos um novo. Os paradigmas são incomensuráveis,
assim como os conceitos usados para entender e explicar fatos e
crenças básicas. Os dois grupos vivem em mundos diferentes.
O movimento do antigo para o novo paradigma foi chamado de mudança
de paradigma.
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