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PENSO, LOGO EXISTO
Site: www.philosophy.pro.br
Autor: Flávio Netto Fonseca
Professor de Filosofia

   Este é o princípio fundamental de toda a certeza racionalista. Para chegar ao 'penso, logo existo', Descartes utilizou-se da dúvida radical ou hiperbólica. Ele duvidou, inicialmente, de suas sensações como forma de conhecer o mundo, pois, se as sensações o enganaram pelo menos um vez; radicalizando: elas poderiam enganar sempre, portanto, as sensações enganam sempre. Posteriormente, através do argumento do sonho, duvidou da realidade externa e da realidade do seu corpo, pois, sonhando ou acordado, a percepção das duas realidades é a mesma, ou seja, há sonhos tão reais que não se sabe se se está sonhando. Através do argumento do gênio maligno, duvidou da certeza advinda das entidades matemáticas. Neste caso, haveria um gênio do mal que nos engana quanto a soma 2 + 3 = 5, a conta poderia ter outro resultado que não este. Para corroborar com este argumento de Descartes, hoje sabemos que a menor distância entre dois pontos é uma curva, de acordo com a matemática não euclidiana, e não uma reta. Mas, Descartes chegou a uma primeira certeza, ou seja, chegou a algo que não podia duvidar: o fato de que ele estava duvidando. Ele não teria como duvidar que estivesse duvidando, pois assim ele só confirma que está duvidando. Eis aí a primeira certeza: duvido, logo existo, mas duvidar é um modo de pensar, então: 'Penso, logo existo.', que significa: penso, logo tenho consciência de mim mesmo, ou penso, logo sei, ou penso, logo tenho consciência, ou penso, logo sei algo certo. 
    É bom lembrar que esta certeza, a certeza cartesiana, não é a certeza da existência de um corpo de carne e osso, ela é sim a certeza da existência da mente; observe, não do cérebro, mas da mente. Que de acordo com Descartes é diferente do corpo.
    Várias consequencias desta conclusão podem ser pensadas: quando uma pessoa está desmaiada, momentaneamente ela não existe. Ela só existe na medida que estiver consciente de si mesma. Um criança de 2 anos que não tem consciência de si não existe. Bom, cada uma destas questões pode ser debatida a exaustão, desde que prevaleça o argumento racional, diria Descartes. E com ele, Sócrates, Platão, Aristóteles.