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E s t é t i c a,  C o g n i ç ã o  e  É t i c a

  O filósofo grego Aristóteles pensou e sistematizou a Filosofia dividindo-a em três ramos do conhecimento humano: Estética, Episteme e Ética. A palavra Episteme significa conhecimento em latim ela é Cognitio. Adotaremos, ao invés de Episteme, a palavra Cognição que é mais comumente usada.

Estética

   Esta palavra vem do grego "aisthesis" que significa "faculdade de sentir" ou "compreensão pelos sentidos". Devemos observar que os sentidos referidos são visão, audição, tato, olfato e paladar. Recentemente a Ciência incluiu o "senso de equilíbrio físico" também como um sentido no modo referido acima. Para efeito dos nossos estudos, adotaremos este significado da palavra "estética", portanto não trataremos da "estética" no seu sentido moderno e contemporâneo enquanto o "estudo do belo" que inclui o estudo de obras de arte e as questões que envolvem o "gosto".
   A palavra aisthesis tem a mesma origem da palavra aistheticon que significa "o que sensibiliza", ou seja que afeta os sentidos. É importante observar que um ruído causado por algum objeto pode não ser ouvido por uma pessoa que tenha deficiência auditiva, portanto, ela não foi afetada ou sensibilizada. Já uma outra pessoa que não tenha este problema será sensibilizada pelo ruído. O resultado desta percepção poderá ser de incômodo. Chamaremos isto de um sentimento causado pelo ruído na pessoa. Se esta pessoa ouve uma música, ela poderá ter um sentimento de prazer, de deleite. Por outro lado, ela pode escutar a música e ao mesmo tempo há ruídos de carros entrando pela janela, e que ela não atenta para eles, nem chega a identificá-los. Neste caso, estes ruídos não lhe causam nenhum tipo de sentimento. Talvez possa gerar nela um "incômodo" cumulativo inconsciente que pode ter um efeito estressante no futuro, mas não se pode dizer que causou nela um sentimento. Podemos perceber, portanto, que a palavra "estética" abrange a pessoa que é sensibilizada por algo que a afetou e que gerou nela algum tipo de sentimento. Portanto, isto que ocorre é uma interação entre coisas que estão no sujeito e coisas que estão fora dele.

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Cognição
   Esta palavra significa "aquisição de conhecimento", ela vem do latim "cognitio" que significa conhecimento. Algo que pode ser conhecido é cognoscível. Neste caso, a faculdade ou a capacidade de conhecer, refere-se ao intelecto humano, ao que comumente chamamos de "mente", e não aos sentidos. Se pudermos supor que seja possível estabelecer uma separação radical, o que é conhecido relaciona-se a raciocínios, pensamentos, memória, imaginação, relações entre idéias. Ou seja, tudo que se refere à razão.


Ética
   
Esta palavra significa "Ciência da conduta", ela teve a sua origem na palavra grega "ethos" que significa os hábitos adquiridos na comunidade em que se vive. A palavra latina "morës" tem o mesmo significado de "ethos"; dela surgiu a palavra "moral". Portanto, ética e moral são sinônimos. A Ética, enquanto "Ciência da conduta", pesquisa os modos como as pessoas se comportam em uma determinada comunidade tendo como referência padrões e valores relativos ao que é bom e ao que ruim para a comunidade como um todo e para cada indivíduo que a compõe. A Ética também pode ser definida como o estudo dos juízos, ou julgamentos, que são feitos tomando-se como referência o "bem" e o "mal". A Ética não compõem um corpo de leis como no Direito, ela é uma práxis não escrita vivida por uma comunidade. Quando esta práxis é escrita em forma de lei, ela transforma-se em "tekné", portanto uma lei é uma tekné. Vê-se portanto que a Ética estuda as pessoas em relação entre si, interagindo. "Quando o outro entra em cena surge a ética.", disse Umberto Eco. Quando alguém está sentido (estética) ou pensando (cognição) não é o caso de existir ética, mas quando alguém está se relacionando com outro e que envolve juízos de valor há ética.

Estética, Cognição e Ética
    Separadas teoricamente estas três áreas, na prática ocorrem imbricadas numa comunidade. Vamos observá-las em uma possível interação através de exemplos.
   Quando uma pessoa vê alguma cena (uma paisagem, duas pessoas conversando, etc.) ela pode ser sensibilizada e daí ter algum sentimento e em seguida pensar algo sobre o que viu, imaginando ou lembrando e em seguida poderá decidir tomar uma atitude qualquer em relação ao que viu e que foi sensibilizada e pensado. Nesta frase aparecem os três momentos: quando vê e é sensibilizada tendo um sentimento (uma emoção), ocorre a estética; quando, a partir do que viu, pensa em algo, ocorre a cognição; e finalmente, quando decide fazer algo a respeito que envolva uma outra pessoa em que ocorra um juízo de valores, ocorre a ética. Os filósofos gregos, a partir de Sócrates, procuraram diferenciar em uma mesma ação, estes três momentos com o objetivo de criticar os sofistas, que na mesma época valorizavam a doxa (opinião) em detrimento do que veio a ser inventado e chamado por Platão de episteme (conhecimento verdadeiro).