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Quando
falamos "árvore" já estamos descrevendo algo
natural e também já estamos na cultura através
da linguagem. Sentimos a sombra da árvore num dia de calor, mas
não necessariamente deveríamos saber o que é árvore
e nem precisamos nomear o que sentimos quando sentimos o frescor da
sombra, simplesmente sentimos. Do mesmo modo que um bebê não
sabe o que tem quando está com fome; ele simplesmente chora.
Nesta situação, a mãe fica tateando e apalpando
o bebê para identificar o que ele tem: o mais comum é fome,
dor de barriga e dor de ouvido. A mãe não fica sossegada
enquanto não descobrir, e ela pensa que descobriu no momento
em que o bebê pára de chorar. Pensa ela que dar o leite,
ou massagear a barriga funcionou, portanto o bebê tinha esta ou
aquela dor. Ao final, ela dirá: "O bebê estava com
dor de barriga". Vê-se que para estudar a natureza, a cultura
e a linguagem não se pode perder de vista o entrelaçamento
entre estes três conceitos, assim como também deve-se perceber
a meta análise que é feita dos três em separados
e dos três juntos.
É
próprio da Filosofia analisar, racionalizar, procurar entender,
dar razões. E o que Fernando Pessoa fez foi mostrar que não
se dá razão e nem se tenta entender a natureza. Para ele
a natureza simplesmente é. E ela não vem com uma etiqueta
de identidade e nem com manual de uso. Estranha o poeta que haja pessoas
que tentam entender a natureza como se ela quisesse dizer algo. Simplesmente
esbarramos nela desde o nascimento porque estamos nela incrustrados,
a natureza é précondição de vida e de conhecimento.
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