"Movido pelo espírito científico da época e apoiado na matemática, uma de suas paixões, Descartes encaminha suas reflexões filosóficas em direção à verdade. A percepção de que o homem se engana com facilidade e de que os conhecimentos provenientes dos sentidos são muitas vezes duvidosos, impulsiona Descartes na busca de certezas inabaláveis.
      Dessa maneira, ele encontra na dúvida um caminho seguro para encontrar a verdade: "Converte a dúvida em método. Começa duvidando de tudo, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, do testemunho dos sentidos, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade do seu próprio corpo". (Aranha e Martins, 1986:166).
      A dúvida metódica conduz Descartes a um primeiro conjunto de verdades: "Eu duvido, isso é certo. Se duvido, é porque eu penso, isso também é certo. Se eu penso, eu existo: é certo que eu existo porque eu penso".
      Cogito, ergo sum, isto é, "Penso, logo existo": eis a primeira certeza cartesiana, da qual é possível ter-se uma ideia clara e distinta. O Cogito cartesiano ("eu penso") fundamenta a possibilidade da ciência: admitem-se como verdade apenas ideias claras e distintas. A evidência racional é o critério que deve guiar todo ser humano na construção do conhecimento. Assim, é possível perceber a ênfase no sujeito conhecedor - todo conhecimento resulta exclusivamente do próprio ato de pensar." SOUZA, Sonia Maria Ribeiro de, Um outro olhar - Filosofia. Editora FTD, SP, 1995, p.74 e 75.

Comentário:Sonia Maria Ribeiro de Souza ligeiramente faz esta apresentação do raciocínio de Descartes. Nele estão incluidos algo das Meditações e algo do Discurso do Método. Na Meditação Segunda Descartes afirma: "eu sou, eu existo", eu sou uma coisa pensante. Lembrar que ele não pode duvidar que é uma coisa pensante, pois ao duvidar ele realiza positivamente a dúvida, ou seja, o pensamento, mesmo que o gênio maligno queira enganar Descartes sobre o fato de estar duvidando.       O raciocínio de Descartes faz ele ser considerado o "pai da filosofia moderna" que caracteriza-se principalmente pela fundação do racionalismo: o conhecimento é dado pelo entendimento racional, claro e evidente.